Dias de Chuva

Fuzis cintilam
Que no ar negrejam
Pertinaz chuva
Minha alma enluta
Maior tormenta
Cá dentro luta
O quadro horrendo
Por ver teu rosto

Chovesse embora
A chuva, o vento
Tudo afrontara
Nem muito fora
Se a dor cruenta
Que me atormenta
Não fosse assídua
Em seu rigor
"Que venha ver-me"

Pronunciando
Meu sofrimento
Vou acalmando
O que mais sinto
E a inclemência
Da tua ausência

Quando é fascinação que nos surprende
De ruidoso sarau entre os festejos
Que embelezam e solta em tal ambiente
Amor é vida; é ter constantemente

Esse, que sobrevive à própria ruína
Esse, que à dor tamanha não desaparece
Gotas caem, durante longa insônia
Enquanto sua mente escurece

Bipolaridade
Uma hora de vivas cores
Uma hora de vivas dores
Um ponto aparece,
Um dia entristece

Da nuvem densa, que no espaço ondeia
E enquanto a luz do relâmpago roxeia
O forte peso da mente ilheia
Até que os sentidos enleia

E a base viva
Transparece a chuva
A gota retrai, vacila
Palpita

Não chores,
Mesmo que a vida
Resuma-se a mortes
Faça, domina

Talvez não escute
"Viver é luta
Só pode exaltar"
Como raio, forte

Dias de chuva
De melancolia
Eles cinza são
Ainda viveria
Se ainda possuísse paixão

(31/03/2018)


You'll only receive email when they publish something new.

More from Caio Cruz
All posts