Noite Presente

Ó vento errante, que vens do oeste,
Traz-me o eco de um canto agreste,
Pois jaz no tempo, em sombra e bruma,
A noite em que tive minha fortuna.

No pequeno sofá, em luz tremeluzente,
Ficamos sós, em abraço ardente;
Música antiga, suave e lenta,
Como um rio que o tempo inventa.

Ah! Onde foste, ó minha estrela?
Além dos montes, na estrada bela?
Ouço teu riso na brisa fria,
Vejo teus olhos na noite vazia.

Mas longe estás, e a noite avança,
Só resta a sombra da lembrança,
E o velho sofá, sem teu calor,
Guarda em silêncio o meu amor.

Se algum dia, por sorte ou fado,
Tornares à sala onde fomos nados
Dos sonhos doces, do amor sem fim,
Ainda estarei lá... esperando-te em mim.


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