sábado, 18 de jan. de 2025 at 04:38

Acordo subitamente em um sobressalto, embora eu estivesse dormindo, sentia o vazio da sua ausência. O ponteiro do relógio já marcava mais de três da manhã, e eu ansiava por ouvir sinais de sua chegada. Penso que já superei velhas dores, mas meu corpo insiste em se lembrar. E, quando tento voltar a dormir, o coração dispara, como um alarme incessante e impossível de silenciar.
O que exatamente ainda temo? Será um eco do que passou ou uma sombra do que ainda vive aqui?

Os minutos se tornaram horas, até que, finalmente, você chega. Prendo a respiração por um instante e sou tomada pela incerteza do que virá a seguir. Os fantasmas que nasceram antes mesmo de eu te conhecer reaparecem. Você se surpreende por eu estar acordada e com as horas. Reclama do mal-estar, vomita e sorri para mim. Eu sorrio de volta, engolindo a dor que carrego sozinha, porque cercear sua liberdade não irá me restaurar. Mas a cada vez que, ao invés de choro, você me envolve pela curiosidade de fofocas e, ao invés de dor, me faz rir com suas piadas, um pedacinho das minhas partes quebradas é restaurado e você me ajuda a ressignificar. E você quer sexo, mas eu não. Calmamente, te digo que não estou a fim, e, quando você aceita sem insistir, sinto um alívio que parece descomprimir o meu peito.

Antes de você, não era assim, e a cada madrugada que você chega, eu sei que nunca mais será.


You'll only receive email when they publish something new.

More from J'Awkom
All posts