O Declinio da Pathé Frères nos Estados Unidos

"Le petit poucet", filme da Pathé Frères (1905)

Postal do filme "Le Petit Poucet", produzido pela Pathé Frères em 1905

No final da década de 1900, o cinema deixou de ser visto como uma novidade e começou a transformar-se numa industria de pleno direito. O melhor exemplo disso mesmo é o número de espectadores semanais nos Estados Unidos: em 1909, 45 milhões de pessoas gastavam 5 ou 10 cêntimos de dólar (dependendo da localização da sala) para assistir a um filme, o que representava receitas de 3 milhões de dólares por semana. Os números tornam-se ainda mais impressionantes se comparados com o presente: em 2005 houve menos 900 milhões de espectadores do que em 1909, cujo total anual foi de 2.34 biliões de espectadores.

Com 10 mil nickelodeons em funcionamento e empregando mais de 100 mil pessoas, o cinema era, nos Estados Unidos, uma industria que ganhava cada vez mais peso na economia do país. No entanto, o panorama cinematográfico era dominado por uma empresa estrangeira: a francesa Pathé Frères. Com as suas produções de qualidade, a Pathé era a única empresa com os recursos para “alimentar” um mercado tão vasto e cujo público exigia filmes novos todas as semanas. Para além da qualidade dos seus filmes, a Pathé beneficiou das lutas que as diversas produtoras norte-americanas travavam entre si por causa de patentes e licenças e que as impedia de se concentrarem na produção de filmes. Perante este cenário, os filmes da Pathé dominavam 60% do mercado americano e parecia que o domínio da produção “fabril” da empresa francesa estava para durar, mas…

Na década de 1910, a produção cinematográfica norte-americana…americanizou-se, apostando em temas que os norte-americanos se identificavam. Assim, começou-se a assistir, não só ao aumento de westerns, com o cowboy e o índio como dois icons nacionais, mas também a dramas centrados em temas sociais do país, como A Corner in Wheat sobre a luta dos criadores de trigo norte-americanos.

Ao mesmo tempo que ocorria a americanização da produção, as principais empresas produtoras formavam a Motion Pictures Patentes Company (MPPC), criando um monopólio que deixava de fora os produtores independentes. Com a Kodak a concordar em vender película apenas aos membros da MPPC e esta a distribuir filmes apenas a exibidores licenciados por ela, a Pathé optou por integrar a MPPC, ajudando a excluir os independentes e, por consequência, as produções estrangeiras. Com a sua posição enfraquecida, a Pathé reorganizou a sua produção e apostou em filmes “americanos”, mas o mal estava feito.

Embora continua-se a manter uma forte presença nos Estados Unidos até ao inicio da I Grande Guerra Mundial, nomeadamente através da sua invenção os newsreels, o domínio da Pathé nos Estados Unidos tinha acabado.

Foto: Truus, Bob & Jan too!

The End

© Rui Chambel | info(at)chambel.net | #artigo #estudios


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