Os trens

Começamos essa história com trens. Sim, trens. Imagine que você é um trem. Você anda num trilho. Por mais que você pense que saiba que está no fim do trilho, apenas o trilho sabe realmente o que se encontra no fim.

Eu sou o trilho. Por mais que você me esmague, me atrite, eu sei qual é o fim. Ainda, eu escolho o percurso para o fim. Eu guio o trem. O trem está sob meu comando.

E no fim, querido trem, há uma parede, na qual você irá colidir. Eu sei desse fim, e eu te levo para lá. Nada irá te impedir de colidir nessa parede. A não ser que você descarrile.

Descarrile, trem. Me impeça de ser o trilho. Eu não quero ser o trilho, quero ser um trem. Um trem que colide com você, não um trilho que faça um trem colidir com uma parede. Eu não sou Deus.

Temo nossa colisão enquanto trens, por isso prefiro ser o trilho. O trilho que guia, que direciona, que suporta o peso, o vazio. A parede é o trilho se mostrando que ele existe, que por mais que ele te mostre o caminho, nesse caminho há consequência. Infelizmente, você só saberá que que há consequências no final do trilho.

E se eu fosse um trem, não necessariamente colidindo com você numa explosão de ferro e fogo? Podemos andar em dois trilhos, lado a lado, atritando em discordâncias e conflitos. Você pode ir mais devagar, eu posso ir mais rápido, vice-versa.

Não entendo o porque de ser trem-trem colidindo de frente, mas entendo o porque de ser trilho. É mais fácil. Quando você estiver destruído, eu posso falar sem que você me interrompa.

Por favor, perceba que coloco seu carrilhão no meu trilho. Não sei que consigo evitar, apenas sei que no final é um muro sem desvios.

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