Pelos outros

Eu estava parado.
Algo me atinge, de origem longínqua.
Raqueteio de volta.

Mais uma bola me atinge.
De origem desconhecida.
Raqueteio de volta.

Mais uma bola pesada me atinge por cima.
Desvio para o lado.
Raqueteio de volta.

Eu só estava parado.
Duas bolas me atingem.
Raqueteio as duas de volta, num mesmo movimento sincronizado.

Continuo parado, agora querendo estar um pouco, pelo menos, parado.
Três bolas me atingem.
Raqueteio todas em um movimento dotado de quatro dimensões.

Continuo parado, quero estar parado.
Uma bola, de uma massa incrivelmente bolástica.
Raqueteio.

Continuo parado, me vigiando de onde vem as bolas.
Quatro bolas, vindo das perfeitas linhas cardeais, sem saída.
Raqueteio.

Só quero estar parado.
Duas bolas, vindo de baixo e de cima.
Raqueteio as duas num movimento inacreditável.

Chega de bolas.
Dez bolas.
A raquete estoura.
Sou atingido, de qualquer forma.

Parado.
Bolas.
Raquete.

Não quero mais raquetes. Nem bolas.
Quero ficar parado.

Simples, não?

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