melhor livro de 2023
December 29, 2023•739 words
o náufrago
criado em:
- Ano, Mês e dia: 2023-03-20
- Hora: 22:14
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Em janeiro comecei a ler O Náufrago, de Thomas bernhard. Acabara Austerlitz no fim do ano e achei que como era um romance alemão eu iria gostar. Estava certo, foi um romance que passei bons momentos, completamente imerso nos rodeios mentais do narrador, um exigente esteta, com suas idiossicracias de todo tipo.
Um mergulho profundo nas profundezas da genialidade artística e das relações humanas
resenha pelo #chatgpt
O romance de Thomas Bernhard "O Náufrago" se aprofunda na psique humana, explorando a natureza do gênio artístico, as feridas infligidas pelas relações humanas, e o peso sufocante das expectativas. O romance, originalmente escrito em alemão, é narrado por um protagonista anônimo, que narra suas experiências e relações com dois outros pianistas: Glenn Gould e Wertheimer. Em uma série de monólogos interligados, Bernhard tece uma tapeçaria complexa de emoções, ideias e insights que são tão profundos quanto perturbadores.
O romance começa com a notícia do suicídio de Wertheimer, que leva o narrador a refletir sobre os destinos entrelaçados dos três pianistas. Os três se encontraram em uma academia de música em Salzburg, onde eram todos estudantes do grande Vladimir Horowitz e onde travaram amizade. À sombra do talento esmagador de Gould, tanto o narrador quanto Wertheimer lutaram para se reconciliar com sua própria “mediocridade”. Este último, cujo apelido dado pelo Glenn Gould é Náufrago, tinha talento para ser um pianista soberbo, mas não pôde resistir à comparação e acaba sendo o que mais sofre - e cujo destino é o fio que guia o romance do início ao fim.
A escrita de Bernhard é caracterizada por frases longas e sinuosas e um foco implacável, quase obsessivo, nos pensamentos e emoções de seus personagens. Este estilo pode criar uma sensação de sufocação, mas é ao que melhor reflete a fixação do narrador - espelhando assim as lutas mentais e emocionais dos personagens enquanto se debate com suas próprias inadequações e com o peso esmagador das expectativas. A estrutura do romance é igualmente pouco convencional, com sua falta de capítulos e diálogo mínimo, enfatizando ainda mais a natureza introspectiva da história. Ainda assim eu achei impossível largar o livro por mais de um dia.
Um dos aspectos mais marcantes de "O Náufrago" é a exploração de Bernhard sobre a natureza destrutiva das relações humanas. O narrador e Wertheimer são ambos profundamente afetados por sua amizade com Glenn Gould, o que em última instância leva ao ciúme, ressentimento e dúvida sobre si mesmo. Bernhard examina a forma como essas emoções tóxicas podem envenenar até mesmo a afinidade mais profunda e levar as pessoas à autodestruição.
Em sua essência, "O Náufrago" é uma meditação sobre a genialidade artística e o fardo inusitado que ela coloca sobre aqueles que entram em contato com ela. O romance levanta questões sobre a natureza do talento e a responsabilidade do artista em relação a seus próprios dons. Também explora a ideia do artista como uma figura solitária, cuja genialidade é tanto uma bênção quanto uma maldição. Neste sentido, o romance é tanto um estudo de caráter assombroso quanto uma exploração instigante do papel da arte na vida humana.
A crítica de Bernhard também vai além das lutas pessoais dos três pianistas, usando suas experiências como lente para examinar o contexto cultural mais amplo no qual eles existem. Esta perspectiva acrescenta outra camada de complexidade ao romance, convidando os leitores não apenas a se envolverem com os dilemas psicológicos e emocionais dos personagens, mas também a considerarem as implicações mais amplas de suas buscas artísticas dentro de um meio cultural em decadência. Ao incorporar esta crítica, Bernhard desafia os leitores a refletir sobre o papel da arte na sociedade e as forças que podem alimentá-la ou sufocá-la.
O náufrago, enfim, é um romance desafiador e instigante que se aprofunda na psique humana e na natureza do gênio artístico. Através de sua estrutura não convencional, intensa introspecção e exploração inabalável das relações humanas, o romance oferece uma experiência de leitura única e inesquecível. Para aqueles que estão dispostos a mergulhar no estilo distinto de Bernhard e enfrentar as verdades incômodas da vida interior de seus personagens, "O náufrago" é uma viagem gratificante e profunda.