Esquecimentos não deveriam ocorrer

Lembra daquela grande história que mantinha guardada na ponta da língua? Se foi…

Os esquecimentos me são algo mais natural e biológico do que psíquico. Eles acontecem sem minha vontade. Minha vontade era lembrar dos mínimos detalhes, conseguir reviver todos os momentos que me passam e vão, como numa van suja e sem destino.

Onde está o mapa? Não me deixaram. Se ainda tivesse tal mapa, não percorreria. Não queria que fosse embora, apenas. Mas, tento traçar o suposto mapa no vazio deixado pela viagem. Traçado, obscuro, incompleto, fraco, como no vazio.

Quais eram as posições das camas, a cor do piso, a posição correta da porta, as pias de lavabo; seu rosto me parece estranho. Era assim? A van foi muito longe, volte um pouco, por favor.

A descoberta do vazio progressivo vem após o vazio momentâneo. É como na matemática: vazio = vazio. Os dois nada me fazem falta. Um me faz parcialmente satisfeito, outro verdadeiramente triste. Só me restam os gatilhos, maioria músicas.

As músicas subtraem os quilômetros da memória em viagem de esquecimento. Trazem para perto, para onde nunca deveriam ter saído. Gosto de música.

Escrevo o que não devo esquecer. Devo amor às memórias. Elas me mantém num sentimento de vida em demanda.

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