Desassossegos

O primeiro visita os cômodos
Procurando o que já partiu
No quarto abre gavetas
Considerando o presente hostil

O segundo na mesa está
Teorizando o que poderia ser
Grandioso futuro do pretérito
Dono de figos a morrer

O terceiro olha o espelho
Reclamando de enxergar
Se a cicatriz ainda está viva
Será que cabe apagar?

Cada qual não percebe o habitante
Sentando a se embalar
Olhando para o horizonte
Sem sentir, ver ou cheirar

A salvação do pobre ser
Pode estar num mate
Quando seus desassossegos
Decidirem fazer parte

Se aqueles perdidos, pois
Aquietarem-se no morador
Por um momento, apenas
Haverá verdadeiro sabor

Inspirado na música Desassossegos, de João Chagas Leite
*
Recomendamos a poesia complementar de Sr. Nuvem - https://listed.to/@srnuvem


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