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J_Leyva

Em que anotação ficou perdida a minha face? Alguém acostumada a perder textos, seja por desorganização, seja intencionalmente, rsrs.

Ser ou Não Ser Praia

Compartilhou seu mar Outrora tão reservado Transformado em coletivo Pelos novos olhos lá Descobre, porém Que a sua orla Pouco convém Aprenderá a se amar E a não ser (ou ser) A praia de alguém ...
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Rubi I

Aquele pai o pra sempre novo mandou-a mastigar Com voracidade, vamos! Absorver a vida como uma refeição que até possui vários pratos Contudo, o restaurante de decoração caótica vai logo fechar a cozinha Os caninos mordazes Perfuraram a carne Sentindo o calor Que escorria Pela grande boca E por suas beiradas Pedaços rasgados Com sabores de pecado Que alimentaram Apesar de machucar A salivar, surpreendida A morte encontrou a língua Extasiada pelo real Seu apetite, assim, nasceu És tu, ó, ca...
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Calos

Eu me calo E me amarro Esperando que o calo Desapareça Mas tudo que calo Transborda Causa mais calos! Seguindo a Kahlo Não me demorarei ...
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A cortina vai fechar

O roteiro chegou pronto Nos ensaios, levíssimas adaptações, ainda dentro de cada papel. Um espetáculo aos transeuntes Fiscais do certo Dos limites marcados no palco Que esquecem de aplaudir ao final. O que acontece quando a cortina fecha? ...
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Monolito

Vento, suor e sal Temperam vistosa rocha Permanentemente exposta Ao lado do manancial Cósmica, pra sempre, rígida! Pedra das ideias certeiras Queria resistir ao tempo Sem baixar a muralha erigida Mineral condensado De pouca sabedoria Queria ser duro Mas o sabor o amolecia Aquele Monolito Tão estável Tão antigo Esvaiu-se, um dia, em líquido Ah, a beleza do mutável Que de eterno tem o balanço Em seu caráter fluido ...
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Chapação

Aguardado e viciante Inunda peito, pulmões e boca Traz brilho Muita cor Explosões alegres E também vigor Era festa Era chegada Colisões despreocupadas A chapação muda - Alertou a dissidente, Relegada em seu terror Quando o bebia Eram sorrisos e partilha Até que a taça de mãos mudou Na boca de outrem O líquido, já ingerido, azedou E aquele furor outrora ansiado Agora sobe o esôfago Expulsando o que restou ...
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Me dê absolvição

Meus crimes Quase todos eles Foram imaginados por um criativo conservador Que fez morada no meu peito O morador acusou Eu dei minha sentença E já me dirigia às grades Por sorte do destino Surgiu sensata advogada A qual decidiu em meu ouvido soprar Que antes de aceitar a condenação Eu poderia tentar falar Recorri ressignificando Tateando se o criativo acusador Entendia mais de mim Do que eu mesma Parei de aceitá-lo Vem, escuta aqui As algemas se abrindo! ...
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Perto e Longe

Perto Longe Protege Corrompe Cabeça baixa Olhos escondidos Tremores contidos Perto Longe Arrepio Desmonte Cabeça erguida Olhos fechados Fuga tramada Perto Longe Sede Afronte Respiros cortados Janelas abertas Revolução! Nem perto Nem longe É troca! De horizonte ...
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Artesania

O novelo pesa Mas a artesania Transforma aqueles nós Em belas poesias ...
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Solar

Alimento meu sol Com pitangas Com amizades Com corridas Com cremes Com livros Com café especial Virando de ponta cabeça Puxando meus braços Aprendendo que meu corpo Apesar do sombreado É muito solar ...
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Sombra

Sabe esta sombra? Esta aqui, tão alongada Ela também sou eu Não precisa ter medo ...
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Maneiras de perder um pensamento

Escrever e queimar Depois encharcar Rasgar Pisotear Varrer Excluir arquivos Despublicar Suprimir Deletar Abandonar a mensagem Editar Jogar no colo do amigo No da terapeuta No do desconhecido Jogar-se! Gritar Correr Quantos quilômetros ainda faltam pra funcionar? ...
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Poema desnudo

As vestes do poema, Antes de ele ver o mundo, Às vezes você não troca. Aí, quando já é tarde, Vê-se que ele saiu desnudo ...
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Nunca mais

Nunca mais! Porém, antes disso, Sempre só mais um pouco ...
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Fruta fresca

Me acostumei Para fortalecer-me À fruta fresca que trazias Tua árvore secou? Na rua vazia Vejo que era apenas uma estação. ...
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Sobre as músicas

Uma música de protesto Outra de dor Essa de riso Mas todas, ou quase isso, Sobre amor. ...
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Queria te contar

Queria te contar Que lembrei de ti Daquele conselho que achei bobo Que por acaso fez sentido Queria te contar das marcas Que não imaginas ter deixado De que antes de me decidir Tento pensar na tua reação Queria te contar da saudade Da risada compartilhada Do café derramado E até do abraço que não veio Tanto a falar A muitos que amei E ainda carrego aqui Mas a boca emperra E o ridículo, tão temido, Jamais chegará Queria te contar Mas, na conveniência do amanhã, Eu me perdi Será que o peso D...
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De ponto em ponto

Como um ônibus velho Os sentimentos sacolejam Rangem Pulam de um ponto a outro Não param de circular Mesmo no trânsito O motor trepida. É a angústia De não saber quem vai partir E quem vai chegar Surgem espaços Todos sentam Haverá tranquilidade? Até que chega, barulhento, Um novo passageiro Com sua música alta Que divide os demais tripulantes Metade finge devanear Enquanto seus ombros Dançantes Denunciam o interesse A outra parcela Retirada de seu torpor Faria de tudo Pra calar aquela cançã...
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Releio poemas

Releio poemas Esperando extrair o suco Entender o olhar Compreender a entonação Se o gesto foi uma vírgula Se foi só um erro Ou se perder pedaços, Na verdade, Era só uma estratégia (Que me deteve). Releio poemas Como quem busca o sol A admirar todo o mistério Da sua revelação Releio poemas Com sede A trancar a respiração Ansiando pelo arrepio E pelo soco Que revolvem as minhas entranhas E também aquecem meu coração Releio poemas Que me embaraçam Me tornam distante E, ao mesmo tempo, Me aproxi...
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Lamúrias de uma louça velha

Sou uma xícara, Lascada e sem alça. Meu corpo carrega As marcas de muito café. Sem pires, navego a tremelicar Meu líquido quente Queima Energiza também Pode até matar Faço de tudo Para não ser descartada Inclusive É por isso que tanto temo O meu iminente transbordar ...
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Laçadas manuais

Os pontos continuam Mesmo estando alguns soltos A linha e a agulha Unidas Permanecem dançando Cada nó um momento Um brilho Uma dor Uma risada Um amor. A laçada refeita Reforça o caminho Laçadas duplas Triplas Criam novos desenhos À mão do observador E se a linha acabou? Pode vir a emenda E uma nova linha, Para a mesma agulha, Sempre a dançar Também pode a linha Outros padrões buscar Uma agulha mais grossa De resultado ímpar Pequenos ou longos Muitos nós na peça unida E poucos, muito poucos...
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Panelinhas

Há as panelas que se encaixam Há as panelas que se excluem, por incompatibilidade de se amontoarem confortavelmente. Muitas panelas têm arroz... Mas algumas não Algumas parecem panelas... Porém são só peneiras para posterior realocação na panela adequada Algumas servem só pra fritar. O material da panela também influencia no seu conteúdo. As de barro, que primam pelo sabor, podem quebrar. As de ferro aquecem bem. Mas são pesadas de transportar, nem todo mundo consegue. Há, também, a mentir...
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Na terra de Morfeu, onde as liberdades se deitam.

Com ideias a soprar A voz clamou-se livre. O pincel, dançante, corrigiu-a Com expressões a delinear. A caneta o interrompeu, Pois a profundidade das palavras libertas Só ela deteria. O teclado, risonho, Tripudiou das velharias E exibiu sua A M P L I T U D E Suas edições E sua velocidade Livre, como o vento! Chegou o sonho E abocanhou todos Num rodopio eterno Para as correntes soltar Na terra de Morfeu Onde as liberdades se deitam ...
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Certos e Errados

A recusa da boca A figos lustrosos De certa suculência Sombrios e iluminados Frios e aquecidos Tortos e endireitados De grande raridade Impõem respeito E medo por abocanhar Santos e amaldiçoados Profanos e sagrados Rebaixados e exaltados De cores únicas Com observações mil Que chegam a pesar Impasses e passos Figos e afagos Certos e errados ...
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Suspenso em acomodação

O pêndulo estica... Outro puxão! Ele volta à frente Depois mais à esquerda Até mesmo gira Sem nunca parar A dança constante De palavras não ditas Dos amigos a puxar E também dos congressistas Dos sindicatos a protestar Do patrão em revista Até mesmo do Chico Que já sabe o que será Uma dança da língua Um cavalo a serpentear E o peão inova na diagonal Há um sopro de fora Outra mudança sazonal O balanço invisível Teima em persistir Os discursos se deslocam Num infinito ir e vir O sossegar e a ...
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A Onça e a Lebre

Uma onça amiga, de grandes garras E sinceros movimentos, Que, até por não poder, Não esconde o seu intento Gargalha com a boca cheia de dentes E nunca trapaça Ao teu lado, o felino te protege de ameaças. Já a lebre fofa descansa O gesto manso A amigável fala O sorriso que embala O reconforto dos gestos E do pelo bonitinho Mas há um serpentear Um abraço agridoce A patinha branca a armar Algo que não encaixa Num penhasco: eu viraria minhas costas para ti? ...
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Leves Pesos, Pesos Leves

No voo ágil A face respira, livre Inexistem correntes Só o ir e vir de gente, De cores, de sementes. Que a deusa me livre da terra! Do seu pesar Das cicatrizes causadas Pelos tombos a encontrar Porém, além de pedras Pequenas, grandes, gastas e pontiagudas, Há algumas raízes E também delicada flor Que insiste em despontar Esse eterno equilíbrio Entre o voo e o aterrissar ...
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Uma Plantinha

A palavra não dita Virou uma semente E então, de repente Germinou inaudita Afinal, o solo era fértil Que medos escondia Na fresta nada sutil Mas tempo de sobra havia! Fez-se pouco caso Do brotinho que nascia Já que árvore antiga Ainda bem florescia Passada a primavera Com as folhas a despontar Assustou-se o jardineiro E tentou-a abafar Sem cortar devidamente Sem permitir-lhe ventilar Aumentava a torrente De galhos a se espalhar! A planta desenvolveu-se E podar-lhe não era simples Lembrou...
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Corra!

Ritmo, cadência, ordem O coração acelera O sol atinge minha face Os passos aumentam O despertar na madrugada... Sinto que sou dona de mim Mas também do mundo! Corro e sinto o suor A pulsação alegre A durabilidade Meu corpo feliz Até aquele som Repetido, tão meu, Me volta ao agora. Mas, outra vez, Vem aquela sede O medo de perder Derrubo-me insone Quebras, cafés e caos A luz não me toca Meus passos retardam Até parar. O descompasso Vem das pernas Vem da alma Adentra os poros O equilíbrio ...
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Pra te encontrar

Pra te encontrar Vasculhei salões, Com esmero Senti a rebentação E mantive-me ali Com sede e quase forte Peças caíram, aos poucos Um brinco festivo demais Uma música inadequada Até uns sorrisos deixei Porque me ensinaram assim Que amor é penitência Então, Pra te encontrar Eu me perdi ...
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