Pequeno conto de um animal doméstico

Na noite silenciosa
Vagava naquele mato
Doméstico gato,
De pouco ardil.

Suas pernas manhosas
Levaram-no a uma clareira
Iluminada por uma fogueira
De um ser pouco sutil

Sua cabeleira era frondosa
Exibia longas e gentis garras
Enquanto dançava em algazarra
Ao redor do caldeirão anil

A boca farta era prosa
E o felino, meio idiota
Partiu logo em resposta
Sem temer o desafio

Lágrimas rolaram, tinhosas
O gato ronronando estava
A poção estalava
E o caldeirão zuniu

A sua mistura aquosa
Exalava novos cheiros
Com o sangue e com os temperos
Do gatinho que ali surgiu

A receita deliciosa
Ao pequeno felino aquecia
Na ciranda e na irreverência
Da magia varonil

Mexa-se, apure-se,
Deixe borbulhar.
O caldo ganha corpo!

O calor e o aroma
Espalham-se no ar
Os cães e as fadas
Espiam também, a salivar

A magia em progresso
Vinculada ao calor ímpar
O caldo virou sobre o gato
Em miados, a sufocar.


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