Cumplicidade

Asfalto e concreto descansam
Sem o burburinho dos trabalhadores
Tão aglomerados nas pedras
Mas já tão distantes

Um centro que morre sem gente
Repleto de zumbis existenciais
De duas espécies, contudo.

A escuridão me envolve.
O ser da boca cobiçosa e podre
chegou perto demais.

Na calçada vazia,
Aperto o passo
Enquanto a voz se afasta
A gargalhar

Virando a esquina
Há livre ponto a embarcar
O coração respira
Mas são apenas minutos.

Até outro zumbi nojento
Achar que pode ameaçar
No convite peculiar

Sem spray, só há corrida!
Os olhos com medo e raiva,
antes de disparar,
descobrem, meio escondida,
Outra mulher que está a chegar

Um olhar de cumplicidade:
Estamos salvando, uma a outra,
Do assédio nesta cidade.


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