A trapaça ao tempo

A taquicardia constante
As cenas mudando e mudando e mudando
A variação da velocidade
O impacto na aceleração:
não havia horas suficientes

Submetida à Kali, tentou enganá-la
para ganhar mais tempo

Mas adianta acelerar
Quando não se tem a direção?

No altar colocou parcas moedas
Depositou seu trabalho
Derramou seu sangue
Deixou seus cabelos
Até o anel de família ficou lá

A divindade não se moveu.

Aos pés da senhora do tempo, da morte e da destruição,
exausta, a suplicante deitou-se
As lágrimas secaram

No chão, a mirada apática encontrou verde broto,
que se vergava ao sabor do vento
A respiração acompanhou o balouçar

A frequência reduziu-se
O belo som ficou cada vez mais grave
Até o silenciar

Era a eternidade
Presa naquele instante
Em que Kali a abraçou


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