!Peras no te voy a dar!
May 13, 2025•206 words
Tu me pediste peras
Mas eu só possuía olmos
E os servi com carinho
Reclamaste do esconder da casca
E me mostraste teus vincos
Para me dar coragem de exibir os meus
Desconfiada
Deixei-te acompanhar alguns sulcos
Os de alegria
Os de infância
Os de mordidas também
Fortaleci-me
Numa tempestade, contudo,
Mostrei parte de superfície
Que parecia muito machucada
Não veio guarda-chuva
Somente um pedido, torto, por mais peras
E uma fúria pelo silêncio anterior
A intempérie passou
Guardaste os respingos
Nossos galhos, quebrados e juntos,
Voltaram a cantar ao vento
Em uma longa noite
As gotas que sentiste viraram mofo
E decidiste que me atirar frutos raivosos
Destinados a quem me marcou
- Com o fim de me defender, sem pedido - Poderia ser uma boa estratégia
Novos ramos quebrados
Olmos partidos
Peras ao chão
Preocupou-te
A minha folhagem murcha
Mesmo que a tua estivesse mais infectada
Temi novo clamor por peras
E quis te proteger das gotas pesadas que teimavam em voltar a cair
Fugi
Já com certos novos brotos
Fui pedir-te peras, achei eu.
Talvez tenha requisitado olmos
Que, claro, não vieram.
Peras e Olmos
Olmos e Peras
Diferenças e proximidades
Tu me pediste peras
Mas eu só possuía olmos
Fizemos uma salada