!Peras no te voy a dar!

Tu me pediste peras
Mas eu só possuía olmos
E os servi com carinho

Reclamaste do esconder da casca
E me mostraste teus vincos
Para me dar coragem de exibir os meus

Desconfiada
Deixei-te acompanhar alguns sulcos
Os de alegria
Os de infância
Os de mordidas também
Fortaleci-me

Numa tempestade, contudo,
Mostrei parte de superfície
Que parecia muito machucada

Não veio guarda-chuva
Somente um pedido, torto, por mais peras
E uma fúria pelo silêncio anterior

A intempérie passou
Guardaste os respingos
Nossos galhos, quebrados e juntos,
Voltaram a cantar ao vento

Em uma longa noite
As gotas que sentiste viraram mofo
E decidiste que me atirar frutos raivosos
Destinados a quem me marcou

  • Com o fim de me defender, sem pedido - Poderia ser uma boa estratégia

Novos ramos quebrados
Olmos partidos
Peras ao chão

Preocupou-te
A minha folhagem murcha
Mesmo que a tua estivesse mais infectada

Temi novo clamor por peras
E quis te proteger das gotas pesadas que teimavam em voltar a cair
Fugi

Já com certos novos brotos
Fui pedir-te peras, achei eu.
Talvez tenha requisitado olmos
Que, claro, não vieram.

Peras e Olmos
Olmos e Peras
Diferenças e proximidades

Tu me pediste peras
Mas eu só possuía olmos
Fizemos uma salada


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