Se a vacina fosse contra impotência, já estavam fazendo filas nos postos de saúde


Homens entusiasmados com a notícia; mulheres eufóricas arrastando seus maridos para as enormes filas do posto de saúde... Sem mais viagra, sem mais neurose por não conseguir manter uma ereção, sem mais insatisfação feminina e orgulho masculino ferido, pois a vacina contra impotência está disponível no postinho mais próximo da sua casa. O negacionismo é somente seletivo.


As mídias de comunicação há um tempo estariam reportando matérias dos resultados obtidos nas fases de testes antes de ser aprovado pelo Governo e levado para a população. Talvez um ceticismo pairasse nesse momento; indagariam: "Será que é verdade?", "Só acredito vendo!" e quem sabe alguns paranoicos negacionistas criassem uma teoria de que a vacina faz cair o pinto ou te faz infértil? Creio que essas teorias logo cairiam por terra quando a população masculina começassem a tomar a vacina. Pois, caso alguém duvidasse do resultado obtido pela vacina e persistisse em delírios inventados, logo apareceriam no grupo de WhatsApp, nas conversas no corredor do serviço, na roda de bar, os diversos relatos positivos das experiências próprias que os rapazes tiveram da eficácia da vacina.


Podemos trazer mais um questionamento que considero importante nessa reflexão: e se no meio de relatos positivos, aparecessem relatos de quem tomou a vacina e mesmo assim broxou? Penso que de imediato, o ceticismo poderia ser alimentado, mas não sustentado por muito tempo. Por que? Porque pra broxar existem diversos fatores. Consegue transar pensando na fatura do cartão de crédito e no salário miserável que você ganha no fim do mês, sem broxar? Ou em como seu estado de saúde lastimável - fruto de anos de fast foods, churrascos todos fins de semana, cervejas e frituras baratas e nenhuma atividade física - tem influenciado sua performance? A resposta é: não.


Fazer associação de uma coisa próxima de você, com outra coisa que tem maior relevância e de fácil acesso a memória é um comportamento humano comum. Se todos falam da vacina, e você tomou a vacina, e todos falavam que ela não funcionava, quando você broxar, naturalmente, culpará a vacina. Mas uma coisa não necessariamente tem a ver com a outra. Como vimos, diversos fatores podem ser o culpado dos relatos de broxar e nenhum deles ser diretamente a vacina. Por isso precisamos de um conjunto de elementos metodológicos que nos ajudem a sair desse mar de informações sem pé e sem cabeça. Mas como fazer isso?


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