Adultério
November 21, 2019•373 words
Evoluímos do formalismo da palavra adultério, para a mais comum, traição. Em teoria, a segunda parece mais áspera, mais dura do que a primeira... Na prática vai dar tudo ao mesmo, cada vez mais há pessoas a quererem mostrar que também dão duas por fora e sobretudo a quererem opinar (e até desvalorizar) a questão.
Neste mundo moderno, as relações e o sexo transformaram-se em versões formato bimby – rápido, muito e variado para basicamente todo o esforço resultar em comer sempre mal.
As opiniões para justificar os atos adúlteros (gosto mais desta palavra), circulam à volta da necessidade em fugir da rotina, tentar escapar da imagem que alguém tem de si mesmo/a e procurar um reforço da sua autoestima, tentar obter mais adrenalina, excitação, procurar um romance, ter mais sexo, encontrar o amor (outro), ser valorizado, experimentar algo de novo, ver um corpo diferente, procurar a novidade, etc...
Apesar disto tudo, o adultério resume-se à pessoa que o comete e à falta de resposta a algo essencial: que tipo de relação esta pessoa quer estabelecer consigo própria/o? O que está na raiz da necessidade de trair? Por mais que todos queiram opinar sobre isto, e por mais tentador e excitante que possa ser seduzir e ser seduzido, nenhuma escolha será melhor e mais saudável para nós (sobretudo a médio e longo prazo), do que terminar a bons termos relações que já não nos preenchem e dessa forma podermos saltar de corpo e alma para outra coisa sem ter que queimar pontes. Trair os outros é fácil, o pior é quando traímos a nós próprios.
Com o advento da Internet, etc. deixamos de estar totalmente presentes em cada um dos momentos, ora estamos num sítio com alguém, mas conectados noutra coisa qualquer... isto espelha os relacionamentos que temos, nunca estamos a 100% presentes, não sabemos o que é amar nos termos do tudo ou nada. Já não há românticos e já se foram os carteiros, agora é tudo em prol do EU, o próprio corpo, os amigos, o trabalho, as selfies, o ser melhor, o comer mais, o ganhar mais, ter mais protagonismo e mais exposição. Somos uns agregadores de tudo e aposto que no futuro não vamos deixar nada de jeito.