O segredo da aprendizagem eficaz: recuperando informações de diferentes maneiras
April 14, 2025•937 words
Pela Universidade SWPS, em Medical Xpress
Traduzido e adaptado por Susane Londero e José Cavalcante
Tempo de Leitura: 5 minutos
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Memorizar informações de diferentes formas (contextos, perspectivas e pistas variadas) melhora a retenção em comparação com a repetição fixa.
Testes com palavras mostraram que aprender com frases diferentes (contextos variados) foi mais eficaz do que repetir a mesma frase, mesmo que os participantes acreditassem no contrário (ilusão metacognitiva).
Dificuldades controladas (como recuperar informações de múltiplas formas e distribuir o estudo no tempo) reforçam a aprendizagem e a aplicação do conhecimento em situações diversas.
Os resultados sugerem diretrizes para métodos de estudo eficazes, mas mais pesquisas são necessárias para expandir as descobertas além das condições experimentais específicas.
Como podemos aprender de forma eficaz? É importante recuperar o material que aprendemos da memória em determinados intervalos, mas isso não é tudo. Para resultados ainda melhores, é melhor fazê-lo de maneiras diferentes, argumentam os cientistas em um artigo publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.
A memória humana é complexa e depende de muitos fatores, razão pela qual os resultados de estudos científicos nem sempre são fáceis de traduzir em dicas práticas para uma aprendizagem eficaz. No entanto, estudos anteriores sugerem que a aprendizagem é mais eficaz quando recuperamos o material da memória em vez de simplesmente relê-lo, e quando as sessões de aprendizagem são distribuídas ao longo do tempo – e não, por exemplo, acumuladas durante uma noite antes de um exame.
É possível aprender de forma ainda mais eficaz?
Ewa Butowska-Buczyńska da Faculdade de Psicologia de Varsóvia da Universidade SWPS, Maciej Hanczakowski e Katarzyna Zawadzka da Universidade Adam Mickiewicz em Poznań, e Paulina Kliś, formada pela USWPS, decidiram descobrir se o processo de memorização poderia ser adicionalmente apoiado.
Acontece que é possível. Isto requer a chamada aprendizagem variável, que envolve a introdução de variedade na forma como memorizamos. Isto significa aprender sobre um determinado fenômeno a partir de diferentes perspectivas, em diferentes contextos e de muitas maneiras. Além disso, o processo de recuperação também deve ser variado, isto é, deve ocorrer em resposta a pistas diferentes – e não idênticas – que levam à resposta correta.
No artigo intitulado “O papel da recuperação variável na aprendizagem eficaz”, os autores descrevem uma série de experimentos nos quais pediram aos participantes que aprendessem palavras estrangeiras (finlandesas). As palavras foram incorporadas em frases apresentadas na língua nativa dos participantes, por exemplo, “Papai está varrendo a lattia” (finlandês: chão).
Durante o estudo, cada palavra estrangeira foi apresentada várias vezes, seja na mesma frase ("Papai está varrendo a lattia" fornecida cinco vezes) ou em frases diferentes (por exemplo, "Papai está varrendo a lattia", "Um cachorro está deitado na lattia", "Uma criança está brincando na lattia", "Há um tapete na lattia", "Um gato está deslizando na lattia.").
Um melhor desempenho de memória para traduções de palavras estrangeiras foi alcançado quando, durante a aprendizagem, os participantes foram apresentados a frases diferentes, em vez da mesma frase, repetidamente. Os benefícios desse método de aquisição de conhecimento foram observados tanto imediatamente após a fase de estudo quanto após 24 horas.
Curiosamente, os participantes estavam convencidos de que era mais fácil para eles memorizar palavras estrangeiras quando as aprendiam sempre usando as mesmas frases, o que era inconsistente com os resultados reais dos testes. Isso é chamado de ilusão metacognitiva – uma crença falsa na eficácia de certas condições de aprendizagem, o que pode, em última análise, levar à escolha de formas de aprendizagem menos eficazes.
A memória aceita um desafio
A ideia de aprender diferentes facetas da informação em sessões de aprendizagem não é nova e é considerada crucial para a memória de longo prazo. Isso pode ser comparado à criação de vários caminhos para memorizar informações, que podem então ser usados para recuperá-las. Quanto mais caminhos criarmos enquanto aprendemos, maiores serão as chances de recuperarmos efetivamente a informação que procuramos, quando, por exemplo, durante um exame nos é feita uma pergunta que só se enquadra em um dos caminhos possíveis.
“Uma forma de aprendizagem tão diversificada, onde não nos limitamos a um único aspecto da informação a ser aprendida, é um desafio para a nossa memória. Requer, portanto, mais esforço do que aprender de forma constante e repetitiva, mas esse esforço ajuda na aquisição de conhecimento. Portanto, podemos dizer que alguma dificuldade no processo de aprendizagem é desejável.
“Se quisermos que o nosso conhecimento seja útil, ou seja, acessível em diferentes circunstâncias e em resposta a diferentes pistas ou perguntas num teste, devemos enriquecer as nossas sessões de estudo com as seguintes dificuldades: recuperar informações previamente aprendidas (em vez de lê-las múltiplas vezes), espalhar a aprendizagem ao longo de um período de tempo (em vez de acumulá-la em uma única sessão de aprendizagem) e recuperar informações da memória de diferentes maneiras (e não sempre da mesma forma)”, explica o co-autor do estudo.
Os autores do artigo sugerem que os resultados de suas pesquisas podem ser usados para desenvolver diretrizes para uma aprendizagem eficaz. Enfatizam, no entanto, que a investigação até à data está limitada a condições experimentais específicas e que são necessários mais trabalhos para promover esta forma de aprendizagem numa escala maior.
Mais informações: Ewa Butowska-Buczyńska et al, O papel da recuperação de variáveis na aprendizagem eficaz, Anais da Academia Nacional de Ciências (2024). DOI: 10.1073/pnas.2413511121.
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