Compreendendo crises de saúde mental
September 12, 2024•1,356 words
A discrição do leitor é aconselhada.
O conteúdo a seguir contém temas que podem ser gatilhos para algumas pessoas, como suicídio e automutilação.
De Navigating a mental health crisis (NAMI)
Traduzido e adaptado por Susane Londero e José Cavalcante
Tempo de Leitura: 7 minutos
#pratodasverem: um flor rosa meio murcha e seca, sobre uma superfície cálida e levemente roxa.
Uma crise de saúde mental é qualquer situação em que o comportamento de uma pessoa a coloca em risco de ferir a si mesma ou a outros e/ou a impede de cuidar de si mesma ou funcionar efetivamente na comunidade.
Certos contextos podem favorecer a ocorrência de uma crise de saúde mental. Alguns exemplos de situações estressoras que podem levar ou contribuir para uma crise incluem:
Estressores Domésticos ou Ambientais
♦ Mudanças no relacionamento com outras pessoas (namorado, namorada, parceira, esposa).
♦ Perdas de qualquer natureza devido a morte, afastamento ou realocação.
♦ Conflitos ou discussões com entes queridos ou amigos.
♦ Trauma ou exposição à violência.
Estressores escolares ou de trabalho
♦ Preocupar-se com projetos ou tarefas futuras.
♦ Sentir-se excluído pelos colegas de trabalho/pares; sentir-se sozinho.
♦ Falta de compreensão por parte dos colegas, colegas de trabalho, professores ou supervisores.
♦ Discriminação real ou percebida.
♦ Notas baixas, perda de emprego.
Outros fatores de estresse
♦ Estar em multidões ou grandes grupos de pessoas.
♦ Vivenciar violência comunitária, trauma, desastres naturais, terrorismo.
♦ Datas judiciais pendentes.
♦ Usar ou abusar de drogas ou álcool.
♦ Iniciar nova medicação ou nova dosagem de medicação já usada.
♦ Em um tratamento que parou de funcionar.
♦ Interrupção da medicação ou pulou doses.
Sinais de alerta de uma crise de saúde mental
É importante saber que nem todos os sinais de alerta podem estar presentes quando uma crise de saúde mental se desenvolve. Ações comuns que podem ser uma pista de que uma crise de saúde mental está se desenvolvendo:
♦ Incapacidade de realizar tarefas diárias como tomar banho, escovar os dentes, escovar o cabelo, trocar de roupa.
♦ Mudanças rápidas de humor, aumento do nível de energia, incapacidade de ficar parado, andando; de repente deprimido, retraído; de repente feliz ou calmo após período de depressão.
♦ Aumento da agitação, ameaças verbais, comportamento violento e descontrolado, destruição de propriedade.
♦ Comportamento abusivo consigo mesmo e com os outros, incluindo uso de substâncias ou automutilação (cortes).
♦ Isolamento da escola, trabalho, família, amigos.
♦ Perde o contato com a realidade (psicose) - incapaz de reconhecer família ou amigos, confuso, ideias estranhas, pensa ser alguém que não é, não entende o que as pessoas estão dizendo, ouve vozes, vê coisas que não existem.
♦ Paranóia.
É importante saber há quanto tempo as mudanças na personalidade ou no funcionamento diário têm sido percebidas e quanta dificuldade elas estão causando. Este nível de detalhe pode ser importante para o profissional de saúde que fará o atendimento.
Veja também: Como começar (e continuar!) uma conversa sobre saúde mental.
Quando a crise envolve o risco de suicídio
O risco de suicídio é uma grande preocupação para as pessoas com condições de saúde mental em contextos estressantes e aqueles que as amam. Incentivar alguém a buscar ajuda é o primeiro passo em direção à segurança.
As pessoas que tentam o suicídio geralmente se sentem uma dor emocional avassaladora, frustração, solidão, desesperança, impotência,inutilidade, vergonha, culpa, raiva e/ou ódio de si mesmo. O isolamento social tão comum nas vidas daqueles com alguma condição mental pode reforçar a crença da pessoa de que ninguém se importa se ela vive ou morre.
Qualquer fala sobre suicídio deve ser sempre levada a sério. A maioria das pessoas que tentam o suicídio deram algum tipo de aviso - mas nem sempre é esse o caso. Se alguém já tentou suicídio antes, o risco é ainda maior.
Pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida podem ser insuportáveis e pode ser muito difícil saber o que fazer e como superá-los, mas existe ajuda disponível. Se este é o seu caso, é muito importante conversar com alguém em quem você confie. Não hesite em pedir ajuda, você pode precisar de alguém que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de suporte.
Sinais de alerta comuns para o suicídio
♦ Doar bens pessoais.
♦ Falar como se estivessem se despedindo ou indo embora longe para sempre.
♦ Tomar medidas para resolver pontas soltas, como organizar papéis pessoais ou pagar dívidas.
♦ Fazer ou alterar um testamento.
♦ Armazenar pílulas ou obter uma arma.
♦ Preocupação com a morte.
♦ Alegria ou calma repentinas após um período de desânimo.
♦ Mudanças dramáticas na personalidade, humor e/ou comportamento.
♦ Aumento do uso de drogas ou álcool.
♦ Dizer coisas como “Nada importa mais”, “Você ficará melhor sem mim” ou “A vida não vale a pena ser vivida”.
♦ Afastamento de amigos, familiares e atividades normais.
♦ Desistência em relacionamento romântico.
♦ Sensação de total desesperança e desamparo.
♦ História de tentativas de suicídio ou outros comportamentos autolesivos.
♦ História de tentativas ou suicídio de familiares/amigos.
O que fazer se você suspeitar que alguém está pensando em suicídio
Se você notar algum dos sinais de alerta acima ou se você está preocupado com alguém que parece estar pensando em suicídio, não tenha medo de falar com a pessoa sobre isso. Comece a conversa.
Abra a conversa compartilhando sinais específicos que você notou, como:
✔ “Tenho notado ultimamente que você [não tem dormido, não está mais interessado em futebol, que você costumava adorar, está postando músicas com letras tristes, etc]…”
Então pergunte algo como:
✔ “Você está pensando em suicídio?”
✔ “Você tem um plano? Você sabe como ou quando vai tentar?”
✔ “Quando foi a última vez que você pensou em suicídio?"
Se a resposta for “sim” para alguma das perguntas ou se você desconfiar que há risco de suicídio, procure ajuda imediatamente.
✔ Fique com a pessoa.
✔ Remova meios potencialmente letais do ambiente, como armas e medicamentos.
✔ Ligue para um psicólogo,psiquiatra, médico ou outro profissional de saúde, de preferência que já tenha atendido ou acompanhe a pessoa.
✔ Procure a emergência mais próxima imediatamente ou, se não puder se deslocar, ligue para serviços de emergência como SAMU (192), Bombeiros (193) ou CVV (188).
✔ Alerte um familiar ou responsável sobre a situação.
SAMU: 192
Bombeiros: 193
Centro de Valorização da Vida (CVV): 188
Ouça, expresse preocupação, tranquilize. Concentre-se em ser compreensivo, atencioso e sem julgamento, dizendo algo como:
✔ “Você não está sozinho. Estou aqui com você”
✔ “Talvez eu não consiga entender exatamente como você sente, mas eu me importo com você e quero ajudar”
✔ “Estou preocupado com você e quero que você saiba que há ajuda disponível para ajudá-lo a atravessar esse momento”
✔ “Você é importante para mim; nós vamos passar por isso juntos”
O que NÃO fazer:
✘ Não prometa sigilo. Em vez disso, diga: “Eu me importo com você demais para manter esse tipo de segredo. Você precisa de ajuda e estou aqui para ajudá-lo.”
✘ Não debata o valor de viver ou argumente que suicídio é certo ou errado.
✘ Não pergunte de uma forma que indique que você quer “não” para uma resposta, por exemplo, “Você não está pensando em suicídio, está?”
✘ Não tente lidar com a situação sozinho.
O que NÃO dizer:
✘ “Todos nós passamos por momentos difíceis como estes. Você vai ficar bem.”
✘ “Está tudo na sua cabeça. Apenas saia dessa.”
Veja também: O que fazer se alguém lhe disser que está pensando em suicídio.
Links úteis
Série CVV/Unicef - O que não fazer na prevenção do suicídio (8:52)
Série CVV/Unicef - Como prevenir o suicídio entre jovens (14:09)
Série CVVUnicef - O papel da família na prevenção do suicídio (15:53)
Fonte principal: Naviganting a mental health crisis - A NAMI resource guide for those experiencing a mental health emergency, National Alliance on Mental Illness, acessado em setembro de 2024.
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